iconografia cristã

Em tempos não muito recuados escasseavam os textos religiosos e os catecismos, e não existiam meios audiovisuais para transmitir a mensagem cristã aos fiéis. Para veicular as verdades da fé e as tradições religiosas, a iconografia cristã servia-se dos catecismos da pintura e da escultura. Os templos, as imagens dos Santos, de Nossa Senhora e até da Santíssima Trindade com os seus adornos e símbolos eram as explicações desse catecismo. Deste modo, mais facilmente se entendia a doutrina e se fundamentava o culto que lhes era prestado. A palma falava do martírio; a mitra e o báculo, dos bispos e abades; a caveira, do desprendimento dos bens do mundo; as chaves, do poder; o livro, da inteligência; as várias invocações de Nossa Senhora, do seu papel na história da salvação.

Mas houve sempre especial dificuldade em transmitir a verdade sobre a unidade de Deus na Trindade das Pessoas.

Na impossibilidade de personificar a Santíssima Trindade, a iconografia cristã teve necessidade de recorrer aos símbolos. O triângulo simples alude às três pessoas divinas, o triângulo com um olho alude à pessoa do Pai e o triângulo com a pomba alude à pessoa do Espírito Santo.

A pintura recorre à cena bíblica do Baptismo de Jesus Cristo para tentar explicar a trindade das divinas pessoas. Nela, a figura do Pai, que proclama Jesus, Seu filho muito amado, é representado por uma mão misteriosa que sai da nuvem, e a figura do Espírito Santo aparece sob a forma de uma pomba (Lc 3, 22).

Na escultura, o conjunto das três Pessoas forma um todo e assume formas humanas. A pessoa do Pai, como primeiro princípio, é representada na figura de um ancião venerando, sentado num trono, em atitude hierática e de coroa na cabeça. A pessoa do Filho é apresentada nas mãos do Pai e na sua qualidade de redentor do mundo e, entre ambas, a pessoa do Espírito Santo, em forma de pomba, unida à figura do Pai e do Filho.

De entre as esculturas da Santíssima Trindade emerge o alabastro medieval inglês, produzido na região de Nottingham em placa policromada, dos princípios do século XV.

FERREIRA, Américo, Museu da Diocese de Leiria-Fátima – Alma e
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, a publicar em 2006


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