Nos tempos que correm, em que a imagem se impõe ao texto, a Arte é a linguagem que nos põe em contacto com todas as civilizações, o princípio do diálogo com o homem de ontem, de hoje e de sempre. A Igreja Católica recorreu sempre ao nobre serviço das artes para suportar o peso do seu mistério.
A actividade criativa do homem, no seu encontro com o mundo, descobre o seu eco na arte, que utiliza a imagem, a palavra e o som para se exprimir. Quanto mais a obra de arte está relacionada com o religioso, mais sobressai o seu conteúdo simbólico. O artista, na sua obra intenta sobretudo pôr a descoberto a beleza, que se esconde no interior da mesma. Deus é a fonte de toda a beleza e de toda a expressão nobre e pura.
grafismo em cima: possível imagem gráfica do título principal
Exprimir a beleza é fazer obra sagrada. O dom do artista é saber captar a beleza e revelar a sua marca, que é, afinal, a marca de Deus na natureza.
É certo que Deus não cabe dentro das nossas possibilidades humanas, nem se configura com nenhuma das nossas palavras, imagens ou categorias. Mas também é certo que elas podem ser ícones, meios de contactar com Ele.
E a Igreja também recorreu ao nobre serviço da Arte para celebrar a acção salvífica de Deus na história do homem. A Liturgia edifica-se sobre a beleza e, por isso, tudo o que a natureza tem de melhor, ela o põe ao serviço de Deus. Daí que os locais mais nobres da comunidade humana sejam os locais do culto religioso, e os objectos mais preciosos, os que se destinam ao mesmo culto.
Os templos onde os cristãos se reúnem, as imagens que veneram e as alfaias que utilizam são testemunhas da tradição da Igreja e, além disso, são os guarda-jóias da Igreja viva, a epifania da igreja dos homens, a expressão dos seus conhecimentos teológicos e afirmações da vivência da sua fé.
(in FERREIRA, Américo, Museu da Diocese de Leiria-Fátima – Alma e Imagem, a publicar em 2006)
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